Sistemas de classificação
Existem vários sistemas de classificação dos seres vivos, de acordo com os critérios que presidem ao seu estabelecimento.
Sistemas práticos vs. sistemas racionais
Os chamados sistemas práticos procuravam classificar os seres vivos com base na utilidade de cada ser vivo para o Homem, de modo a satisfazer as suas necessidades.
Os sistemas racionais baseiam-se em caracteres evidenciados pelos seres vivos.
Sistemas de classificação artificiais
As classificações artificiais têm como base um número restrito de caracteres escolhidos, geralmente, devido à sua evidência. Desta forma, ignoram-se todas as outras características dos organismos acabando por se reunir no mesmo grupo organismos pouco relacionados.
Sistemas de classificação naturais
Estes procuram relacionar os organismos em grupos segundo o maior número de caracteres possível. Assim consegue-se reunir organismos com maior grau de semelhança.
Quer as classificações artificiais quer as naturais partem do princípio da imutabilidade das espécies, privilegiando as características estruturais dos organismos e não entrando em linha de conta o factor tempo. Por este facto são designadas classificações horizontais.
Sistemas de classificação verticais
Como as espécies se foram diversificando ao longo do tempo, as classificações deviam reflectir as relações filogenéticas entre os organismos. Desta forma, surgiram os sistemas de classificação filogenéticos, que tentam agrupar os seres vivos de acordo com o grau de parentesco entre eles, permitindo construir árvores filogenéticas.
A importância do tempo nas classificações filogenéticas leva a designá-las como classificações verticais. As semelhanças entre os organismos surgem como consequência de um ancestral comum, a partir do qual os vários grupos foram divergindo ao longo do tempo.
Pode considerar-se, actualmente, a existência de dois tipos principais de classificação biológica: a fenética e a filogenética.
Os sistemas de classificação fenéticos têm como principal objectivo permitir a identificação rápida de um ser vivo, sem se preocupar com as relações evolutivas desse organismo com outros. Este tipo de classificação baseia-se no grau de semelhança entre organismos, tendo em conta a presença ou ausência de uma série de caracteres fenotípicos.
Uma desvantagem deste tipo de classificações reside no facto de nem todas as características fenotípicas semelhantes corresponderem a uma proximidade evolutiva.
Os sistemas de classificação filogenéticos pretendem traduzir com rigor as relações entre os organismos, tendo em conta a história evolutiva dos seres.
Existem dois tipos de características para classificar os organismos numa perspectiva filogenética:
- Características primitivas, ancestrais ou plesiomórficas, presentes em todos os organismos de um grupo, como resultado de terem descendido de um ancestral comum, em que essa característica estava presente;
- Características evoluídas, derivadas ou apamórficas, presentes nos indivíduos de um grupo e que não estão presentes no ancestral desse grupo, revelando, assim, que houve separação de um novo ramo.
Diversidade de critérios
Todos os sistemas de classificação têm subjacente uma diversidade de critérios.
Entre as características mais importantes para a classificação dos seres vivos temos:
- O tipo de simetria corporal (sem simetria, simetria radial e simetria bilateral);
- Dados paleontológicos;
- O modo de nutrição (autotrofismo e heterotrofismo);
- A embriologia (estudo do desenvolvimento embrionário dos organismos);
- A cariologia (consiste no estudo do cariótipo dos seres vivos);
- A etologia (estudo do comportamento do animal);
- Os critérios bioquímicos (estudo comparativo de biomoléculas);
- Organização estrutural.
Os critérios apresentados são exemplos comuns, mas não pretendem constituir uma lista exaustiva de todas as características empregues no estabelecimento de relações entre os seres vivos.
Cada um destes critérios, isoladamente, tem uma importância relativa, devendo ser utilizado em conjunto com vários outros, de forma a permitir uma perspectiva global acerca das características.
Taxonomia e Nomenclatura
A Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação dos seres vivos. A Nomenclatura define as regras a usar para nomear os grupos formados.
Os principais taxa utilizados são: Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género e Espécie. Estas categorias taxonómicas são universais.
A Espécie, unidade básica da classificação, é constituída por um conjunto de indivíduos que partilham um mesmo fundo genético, que lhes permite cruzrem-se entre si e originar descendência fértil.
Regras de Nomenclatura:
- A designação dos diferentes grupos taxonómicos é feita em latim;
- As espécies são designadas por um sistema de nomenclatura binominal, segundo o qual o nome da espécie é formado por duas palavras latinas. A primeira escreve-se em maiúsculas e corresponde ao nome do género a que a espécie pertence; a segunda é, geralmente, um adjetivo, escreve-se em minúsculas e designa-se por restritivo específico;
- Todos os taxa superiores à espécie possuem uma designação uninominal, ou seja, é constituída por uma única palavra, escrita com inicial maiúscula;
- O nome das famílias, nos animais, é obtido acrescentando -idae à raiz do nome de um dos géneros. Nas plantas acrescenta-se -aceae;
- Sempre que uma espécie tem subespécies, utiliza-se uma nomenclatura trinominal para as designar. Assim, escreve-se, normalmente, o nome da espécie, seguido de um terceiro termo denominado restritivo subespecífico;
- Os nomes genéricos, os específicos e os subespecíficos devem ser escritos num tipo de letra diferente da do texto corrente. Normalmente, utiliza-se o tipo itálico. Caso o texto seja manuscrito, essas designações devem ser sublinhadas;
- No caso dos nomes específicos e subespecíficos, pode escrever-se, em letra de texto, o nome, ou a sua abreviatura, do taxonomista que pela primeira vez atribuiu aquele nome ao organismo considerado. Por vezes, coloca-se também a data dessa atribuição.